POR ANDREA FUNK – Em meio a este período de isolamento social em São Paulo, resolvi experimentar uma corrida dentro de casa, como vários amigos estão fazendo desde o início deste período. Afinal só podemos falar daquilo que conhecemos. Achismo não é comigo. Gosto de fatos. Pois bem, a primeira segunda-feira de maio começou com 5km rodados dentro do apartamento em um percurso que incluiu centenas de passadas pela sala (com voltas ao redor da mesa de jantar e do sofa), cozinha e corredor. É impressionante como demora: levei quase 1h10, segundo meu #garmin para finalizar o percurso (tenho dúvidas sobre esta marcação). Para comparação, meu último treino de 5.000 m na pista, no início de março,eu em fiz abaixo de 25min.🙄🏃♀️
Gosto de correr bem cedo, começando, no máximo, às 6h da manhã, mas em respeito aos vizinhos do andar de baixo, iniciei um pouco mais tarde. Até para reduzir possíveis barulhos nas passadas, preparei um caminho com aquelas passadeiras emborrachadas que tenho pela casa para a Capitu, minha poddle de 15 anos que rompeu ligamento há algum tempo, não escorregar.
Trote leve, estranho, que saiu com pisada diferente, mais na ponta dos pés (depois isso rendeu panturrilhas doloridas), algumas aceleradas, alguns esbarros nas quinas das portas ao tentar acelerar um pouco a passada. Deu para assistir (ou ouvir) todo o noticiário na TV. Senti também um pouco depois os joelhos e quadris pois a gente faz muitas curvas num vai e vem infindável. Nada bom para quem já tem condromalácea nos dois joelhos e não quer nenhum problema principalmente neste momento. Me remeteu à matéria publicada na Go Running sobre os cuidados para treinos diferentes no isolamento pois, às vezes, ao invés do efeito positive, podem acarretar problemas de saúde ou lesões.
Mais do que um treino físico, esse foi realmente um treino mental. Mais um neste período de isolamento social. Pensei várias em vezes em parar, afinal, que ritmo era aquele? Precisava mesmo fazer aquilo? Não seria melhor pedalar mais energicamente na bike ergométrica? Fazer exercícios de força? Pular corda? Funcional? Mas eu tinha me proposto a correr 5km dentro de casa. Então corri 5km dentro de casa. Temos que ter força e determinação para finalizar aquilo a que nos propomos. Lembrei várias vezes do meu treinador Wanderlei Oliveira que diz sempre que não importa o ritmo, mas o tempo em movimento! E pensei num treino longo muiiito lento hahahaha. Para quem gosta de fazer maratonas, nada melhor do que um treino mental para trabalhar foco.
E olha que 5km não é nada se comparado ao que muitos corredores têm feito por aí. Só para citar um exemplo: o Lula Holanda, ultramaratonista de Recife fez hoje (05/05) seu 45o. treino de 10km consecutivos dentro de casa, totalizando 450km e segue rumo aos 500km. É físico. Mas é muito mais um treino mental e de paciência.
Resumo da história: se você não tiver alternativa, é possível, sim, correr dentro de casa. Você vai se manter ativo, trabalhar o seu mental e isso vai te manter motivado, mesmo que não estejamos participando de provas, vamos mantendo o condicionamento físico. Mas é isso, manutenção. Não compare a tempos anteriores, estamos em uma situação diferente e temos que nos adaptar, não é o momento de performance, mas de qualidade de vida. E é importante manter a imunidade em dia, então treinos muito desgastantes também não são indicados por especialistas.
Vamos em frente! Coragem! O caminho é longo, mas você chega lá!