Octacampeão da Maratona da Disney dá dicas para quem vai correr em Janeiro

No mundo da corrida, quando se fala em correr na Disney, logo vem à mente um nome: Adriano Bastos. E não é para menos, das 12 vezes que correu em Orlando (Flórida) foi oito vezes campeão da Maratona, ficou 2 vezes em segundo lugar e uma em quarto lugar. Nesta entrevista, ele dá dicas para quem vai participar de uma das provas ou desafios que acontecem de 7 a 10 de Janeiro – alimentação, treinamento pré-prova, recuperação após a corrida – e também conta um pouco sobre sua expectativa nesta edição da Maratona e seus planos para 2016.

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Adriano Bastos correu 12 vezes a Maratona da Disney e venceu 8.

Go Running – Que dicas você dá para quem vai fazer a Maratona da Disney?
Adriano Bastos (AB) – Nos dias que antecedem a prova, exceto a ida até a Expo para retirar o kit de prova, o ideal é realizar outras atividades fora do complexo Disney, como ir aos outlets, supermercados e shoppings. É o momento certo para aproveitar e ganhar tempo fazendo as compras que deseja e deixar para curtir os parques somente depois da maratona, a partir de domingo à tarde ou a partir de segunda-feira pós maratona, quando a grande maioria já vai embora de Orlando e os parques ficam vazios para curtir de verdade e sem tantas filas nas atrações, pois a maioria dos participantes é composta por americanos que vão para Orlando apenas para os eventos da maratona, ou seja, os 5k, 10k, meia maratona, maratona, assim também como os desafios do Dunga e Pateta. Desta forma, os hotéis e parques da Disney ficam extremamente lotados na quinta, sexta, sábado e domingo, dias que acontecem as provas.

GO Running – E quanto aos horários das provas?
AB – Todas as provas acontecem bem cedo, sendo os 5k e os 10k às 6h da manhã e a meia e a maratona às 5h30 da madrugada, então, o ideal é não virar o fuso horário em relação ao horário do Brasil nestes dias das provas. Continue fazendo tudo, como horários de alimentação e de dormir como se ainda estivesse aqui no Brasil que estará com um fuso de 3h na frente em relação ao horário de Orlando. Depois, a partir de segunda, ai sim, entre na rotina de lá em relação a tudo.adriano3

GO Running – Algum cuidado especial em relação à alimentação?

AB – Orlando é farta de bons restaurantes, comida boa e preços bem acessíveis, então aquela história de achar que nos EUA só se come hamburger, batata frita e tranqueiras similares é papo, só fica comendo isso quem quer. Dicas de lugares bem legais que dou para comer bem e barato é o Golden Curral, UNO Pizzeria & Grill, T.G.I. Fridays, Olive Garden, Sweet Tomatoes e Applebee’s (lá é muito barato). Até mesmo dentro dos parques existem opções de restaurantes com comida de verdade, para fugir dos tradicionais lanches.

GO Running – E quanto ao percurso – alguma estratégia ou dica especial?
AB – Quem vai pra lá esperando encontrar uma prova totalmente plana vai se decepcionar em relação a isso. A prova tem um considerável sobe e desce, de leve, mas tem. Posso afirmar que o percurso é mais pesado que o da Maratona de SP, o que salva é a temperatura fria que ajuda na performance. Num geral, o percurso acontece todo dentro do complexo Disney pelas rodovias que interligam os parques e hotéis e passa também por dentro dos parques – no caso da maratona, dentro dos 4 parques e existem bastante atrações e personagens no decorrer do percurso.

GO Running – Como deve ser feita a recuperação pós-prova?
AB – O pós prova do próprio evento é muito bem servido em relação à alimentação e hidratação, realmente farto. A área de dispersão também é gigantesca e muito bem sinalizada com acesso fácil e rápido aos ônibus que levam os participantes de volta aos hotéis. Após a maratona, o ideal é se hidratar bastante e comer carboidratos logo em seguida também para acelerar a recuperação muscular e do organismo. Por mais que esteja dolorido, procure também caminhar bastante no domingo, na segunda e terça-feira, isso ajudará a musculatura a se desintoxicar e voltar ao seu normal mais rápido.

GO Running – A Disney inovou e criou os Desafios, primeiro o do Pateta e depois o do Dunga. Como deve ser a preparação – muito diferente do que correr apenas a Maratona? E quais dicas você dá para quem vai correr os desafios?

AB – Mesmo quem vai encarar o desafio do Pateta ou do Dunga, a preparação deve ser realizada exatamente da mesma forma que se prepararia para apenas a maratona, com o mesmo volume e rotina que treinaria apenas para os 42km, nada de invenções a mais. A preparação para encarar os 42km por si só já dará o volume necessário para encarar as outras distâncias mais curtas nos dias anteriores. Tiro disso como exemplo a preparação que sempre fiz para os alunos de minha assessoria que já participaram de ambos os desafios e mesmo correndo as distâncias menores antes, ainda fizeram recorde pessoal na maratona no domingo. O segredo disso está em se poupar nas distâncias que correrá antes, realizá-las como se fossem rodagens leves e confortáveis e deixar para correr de verdade no domingo, na maratona. Se a pessoa tem por exemplo como melhor marca na meia o tempo de 1h40min e vai fazer o desafio do Pateta, corra a meia no sábado para 1h55min, sem preocupação com ritmo ou tempo e no domingo estará zerado para correr super bem a maratona.

GO Running – Você é octacampeão na Maratona da Disney e, sem dúvida, um dos grandes responsáveis por cada vez mais brasileiros escolherem a prova. Como está a expectativa para a sua corrida nesta edição? Como foram os seus treinamentos?
AB – Para a edição de 2016 os planos são outros, será minha despedida deste evento ao qual estive presente nos últimos 12 anos e em 2016 será minha 13ª e última participação por lá. Infelizmente a idade, junto com a rotina diária me dedicando à assessoria, já não me permitem mais continuar em nível competitivo para brigar pela vitória. Tem outros atletas indo pra lá em nível de performance muito melhores que eu e no qual não tenho mais chances de correr de igual com eles. O que eu tinha de fazer por lá já fiz, já fiz minha história neste evento. Nestes 12 anos foram 8 vitórias, 2 segundos lugares e 1 quarto lugar. Então, diante disso, estou desta vez treinando num ritmo bem mais tranquilo, o suficiente apenas para encarar os 42km sem tanto sofrimento, ou seja, conseguir completar. Estou realizando uma quantidade de tiros menor do que normalmente fazia nas outras preparações, assim também como o ritmo das rodagens anda mais lento. Minha principal meta desta vez será curtir a prova e nada mais. Se por acaso eu me ver em condições de brigar por um pódio, ótimo, caso contrário, será mais uma maratona completada em meu currículo e nada mais. Estou feliz por ter chegado onde cheguei e tornado esta prova tão conhecida e referência ao nome quando falam dela.

GO Running – Quais os seus planos para 2016?

AB – O principal deles é me preparar bem para a Uphill e agora que já conheço o percurso e a real dificuldade dele, tentar vencer a prova arriscando um pouco mais no ritmo durante a prova. De resto, continuarei participando das provas de 5km, 10km e meias que acontecem em SP e para o segundo semestre quero voltar para a Maratona de Auckland, na Nova Zelândia, e brigar com melhores condições física pela vitória nesta maratona que neste ano ficou engasgada, não rendi nada nela, nem de perto em relação ao que eu queria devido à lesão que senti na prova. Então estas duas maratonas são meu foco principal para 2016. E no profissional, fora carreira atleta, continuar fazendo com que a minha assessoria esportiva cresça cada vez mais.

 

  • Crédito das fotos: Fernanda Paradizo.

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