Relato de uma sedentária: minha primeira corrida!
POR MARIANA MALLET – Eu não corro. Para falar a verdade, não costumo fazer nenhum tipo de exercício físico. Sou daquelas que levanta a bandeira do sedentarismo – sem nenhum orgulho, é claro – e me arrasto quando preciso me exercitar. Apesar disso, resolvi participar da 1ª Corrida e Caminhada Empreendedoras em Ação, a convite da ADVB Mulher, com a ideia de me obrigar a fazer algum esporte antes que minha coluna trave e minhas veias entupam com menos de 30 anos de idade.
Eu já não pratico exercícios, que dirá participar de corridas: eu nunca nem tinha passado perto de uma. A princípio, encarei como um desafio. Eram apenas 4 km, podia correr ou caminhar, mas quem é sedentário vai me entender perfeitamente. Para quem não anda nem 800m no dia a dia, correr 4 km de uma vez, em um domingo de manhã, é realmente um trabalho árduo.
No dia da corrida, levantar da cama às 5h30 foi um desafio maior do que a corrida em si. Cheguei cinco minutos antes da largada e logo uns dois quarteirões antes do local marcado já conseguia sentir a energia dos participantes. Confesso que estava com sono e que fiquei com vergonha de me alongar e pular igual aos outros, preferi ficar observado e esperar a prova começar. Apesar disso, durante esses cinco minutinhos de espera, essa foi uma das poucas vezes que verdadeiramente senti vontade de fazer esporte: as outras foram ainda na infância. É clichê dizer isso, mas o clima e a animação em todas as etapas da prova são contagiantes.
Dada a largada, sabia que não tinha a menor chance de disputar com quem treina todo dia. Mesmo assim, a competitividade que envolve a corrida – colocação, cronometragem – é o que me deu o maior impulso. Era uma competição dupla entre a vontade de superar meus limites físicos impostos por uma vida sedentária e com as outras participantes que tinham preparo físico próximo ao meu.
A corrida foi no centro de São Paulo. Já passei milhares de vezes por cada um dos pontos turísticos, mas correr por eles me deu uma visão completamente diferente da minha São Paulo. É libertador poder correr por aquelas ruas sempre lotadas. Não só por elas, para mim, participar dessa corrida me trouxe essa sensação de liberdade, como se, pela primeira vez, eu tivesse total controle sobre mim mesma.
Fiquei surpreendida comigo mesma. Eu, sedentária, completei a prova em 33 minutos e, ao contrário do que achava, o cansaço pós-corrida passou rapidamente. A gratificação de conseguir terminar a prova e ver que superei minhas limitações vale todas as dores musculares que senti no dia seguinte. Ela me deixou com o gostinho de quero mais – e olha que nenhum outro esporte fez isso comigo antes. Resolvi esconder de vez a bandeira do sedentarismo.
*Mariana Mallet é estudante de Jornalismo e correu a convite do portal Go! Running e da ADVB Mulher.