Somos lembranças!

POR DEMÉTRIUS CARVALHO – E minha busca é por boas lembranças.

Domingo, 16 de setembro, Barueri, 6h30 manhã.

Daniela quer tomar seus suplementos esportivos pois falta apenas meia hora para a largada da 3ª etapa do Circuito 4 elementos. Ela está completamente certa sobre o horário da prova, mas não faz ideia do que lhe aguardava, mas tenho que voltar alguns dias cronologicamente para chegar até esse ponto.

Falando com Júlio Cenna, expus minha vontade de tornar o final de semana inesquecível inscrevendo-a em uma prova de duatlo sem que ela soubesse ou sequer estivesse treinando para tal. Obviamente que sabia que ela tinha um condicionamento físico mínimo para aguentar o desafio. Consultando o Anderson da New Time Sports e com o auxílio do próprio Júlio que emprestou sua bicicleta, inscrevemos ela na categoria “speed”. Agora podemos voltar para as 6h30 de domingo:

– Entregar para você aqui, que você não sabe, mas você vai para o duo hoje. Você não vai correr.

– Mentira!??

– Ele vai buscar a bicicleta ali, entendeu? Eu falei para você que ia ter uma coisa diferente hoje. Ela queria tomar as coisas para a corrida, eu falo: Não, calma que você tem tempo. Segura aí.

– Hoje você corre e pedala.

– Entendeu? Se vira nos trinta. Beleza?

– Como é que eu vou fazer isso?

– Minha filha, vai na fé!

Você pode ver o vídeo em Aqui

Era hora então de eu me preparar para a 3ª etapa do Circuito 4 elementos para a prova de 10k. A prova ajuda e corri muito bem estando de volta para acompanhar os momentos finais de preparação para a estreia da Daniela na modalidade. Ela estava nervosa e seus joelhos tremiam. Eu orgulhoso dela aceitar o desafio e ver largar com tudo para os 5k iniciais, até por saber que seria muito mais forte na corrida. Tanto que cruzou o pórtico em quinto lugar para então sair de sua zona de conforto.

20k com 4 voltas de 5k onde me posicionei para torcer e fazer algumas fotos. Em sua passagem na primeira volta, fiz algumas fotos e era um suplício esperar ela dar uma nova volta. Ainda mais quando na segunda volta ela passa dizendo que estava difícil (e seu rosto mostrava que sim). Para piorar, um atleta leva um tombasso em plena curva em minha frente. E óbvio que nada impedia que a Daniela pudesse levar o seu também. Daí para frente eu sofri e muito, até me perguntando em que encrenca havia colocado ela. Terceira volta pareceu longa, mas a última foi infindável em minha impressão e sofrimento.

Muitos homens e mesmo muitas mulheres haviam já finalizado o trecho da bicicleta quando finalmente avisto aquela camisa que me dizia ser ela.

– Está bem?
– Tudo dói!

Foi o que me respondeu, mas eu senti um profundo alívio por vê-la começar a correr de imediato. Estava de volta à zona de conforto. Tanto que partiu muito mais rápido que alguns atletas que deixava a zona de transição.

Foram mais 2,5k de corrida novamente onde ela conseguiu passar algumas atletas femininas e mesmo masculinos para apontar na longa reta de chegada.

Que alívio quando a avistei cerca de 300 metros. Queria poder correr por ela, ou no mínimo, transferir minhas forças, mas ela tinha que sofrer sozinha de lá e eu sozinho de cá. Foi esperar passo a passo até ela cruzar o pórtico. A exaustão estava estampada não só em seu rosto, mas em todo o seu corpo.

Ela me abraçou e disse não ter sequer forças para chorar. Não havia problema, eu disponibilizava as lágrimas por hora.

A alegria pelo feito foi tomando forma em seu rosto com a bonita medalha da Thunder Man Duathlon Series.

A New Time Sports acabava de proporcionar um final de semana inesquecível tanto pela experiência em si, como pelo desafio proposto, assim como pela excelência em ambas as provas.

Restava-nos curtir o momento e assistir à premiação da segunda prova e a New Time Sports costuma ganhar um ponto a mais entre os corredores com sua classificação com troféu por faixa etária.

Pois bem… Havia uma tal de Daniela Gianelli em segundo lugar em sua faixa etária.

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