Quando é a alma do corpo que fala!

POR JOSÉ VIRGINIO – Vamos mergulhar mais uma vez em um mundo que tenho a certeza que você, que está lendo isso, já passou, passa ou vai passar. Pode procurar em sua massa cinzenta e vai achar.

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Na época da escola eu me identificava como um líder, organizava os campeonatos de futsal, futebol de rua, queimadas, mãe da rua, mãe da mula, bolinha de gude, o melhor e mais eficiente pipa no céu e nas corridas era eu o responsável pelos tiros de largada. Sabe como é, o som chegava primeiro em mim e por isso eu ganhava boa parte das corridas de rua.

Na escola eu buscava aplicar as mesmas diretrizes da rua e, mesmo tendo um corpo mais para osso do que carne, eu era o líder (pelo menos me intitulava um) e dava certo.

Com o passar dos anos comecei a perceber que, para continuar sendo um líder, eu precisaria gritar ou falar mais alto, até mesmo para que pudesse me impor perante os parceiros. Então eu gritava, mandava e muitas vezes obrigava todos a cumprirem o que eu queria (a brincadeira), mas isso não se refletia dentro da sala de aula, onde eu tinha que falar, perguntar e aprender. Resolvi, então, aprender em silencio e dentro do meu mundo sempre fui resolvendo muitas coisas, encontrava respostas e tinha dúvidas também.

Um belo dia uma professora, que já me acompanhava há muito tempo, me colocou de castigo pela minha falta de respeito com os amigos e, por alguns minutos, comecei a pensar porque não ser diferente (parar de brigar), porque não ser um líder sem precisar mandar, mas sim pedir. Chamei a professora para conversar, ela nem queria papo, mas resolvi insistir e eu disse: professora, como posso ser diferente?

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E ela me respondeu: “você não precisa ser diferente, só precisar canalizar toda essa energia em algo que lhe faça realmente gastá-la, com atividade que necessitem isso”.

Prontamente perguntei como faria isso e a resposta foi: “vejo que você sempre participa de todas brincadeiras, corre para lá e para cá e, mesmo com esse corpo franzino, consegue fazer coisas que nem eu consigo. Você é diferente sim, diferente porque quer aprender, quer fazer acontecer, você pode ser um grande atleta se quiser.

Ouvi tudo aquilo atentamente, claro, louco para sair de lá e voltar a fazer tudo outra veze, afinal ficar sem brincar não era legal. Quando ela terminou de falar e me disse que estava liberado, pensei no que havia falado e corri para o pátio. Em menos de 10 segundos o sinal bateu, já era hora de subir para a sala e eu, bravo por ter perdido o momento da brincadeira de castigo, nem olhei para a professora. Mas, ela ainda me disse enquanto andava para a sala: “você pode ser diferente, tem que querer”.

Ao longo da vida ouvimos tantos conselhos, tantos sim e não, conhecemos tantas coisas e situações e esse momento da minha vida já faz 32 anos, mas nunca o esqueci.

Quando passei a fazer as corridas de montanhas, ao passar a faixa de chegada recordo-me do locutor “Maquininha”, que sempre era capaz de transformar um lugar vazio em um lugar repleto de pessoas para saudar o campeão. Mas, depois desse momento sempre vinha um silêncio do tipo “já acabou?”.

Com o passar do tempo, comecei a sentir que a prova era importante, mas treinar para ela era muito mais prazeroso, vibrar com cada treino executado com sucesso era bom demais. Quando treinava sozinho e finalizava o treino, sempre vinha junto uma vontade de gritar, grito esse de satisfação, que vinha da alma, do tipo “eu consigo, eu posso, eu sou diferente”!

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Mesmo bravo por não ter brincado a aula toda, eu nunca esqueci o que a professora me disse.

Quando entro em uma prova, procuro fazer valer cada dia, cada momento, cada suor que deixo nos treinos, deixo cada memória entrar em meus canais de transmissão, pois tenho certeza que não é só o corpo que está ali e tudo que faço vem da alma.

Você que me conhece, seja por vias presencias, virtuais ou por texto, tenha certeza que ouvirá, lerá ou verá alguém que busca a vitória sempre, mesmo perdendo.

Um dia ouvi:

“Você vai vencer, mas antes Deus vai te ensinar a ser forte”.

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