Idosos, velozes e furiosos

POR LUCIANE CASANOVA

Tenho percebido, aliás, com muita alegria, nas provas que participo, que a quantidade de pessoas da meia idade tem crescido consideravelmente. Se pensarmos que antigamente as mulheres eram proibidas de participar, hoje vemos mulheres, jovens, idosos, tudo junto dividindo o mesmo asfalto. É bonito de se ver e acho senidoso_corredorsacional!

Meu pai, por exemplo, tem 71 anos. Aliás, foi por intermédio dele, há 22 anos atrás que comecei a correr, depois eu o levei para as competições, numa troca de experiência muito bacana. Obviamente seu desempenho atualmente não é o mesmo que antigamente, mas, o veinho corre muito ainda e tenho certeza que tem lenha pra queimar. Vai lá, corre seus 10km pra 55 minutos. Espero eu que ao chegar nessa idade ainda consiga fazer esse tempo, que muitos meninões não conseguem.

Sem contar a alegria que a terceira idade traz às provas. Um exemplo de força, garra e determinação que em muitos vai ficando pelo caminho ao longo dos anos. Fato é que esse crescimento dos idosos nas provas é bem importante e também fácil de explicar.

A gente sabe, porque já não é mais novidade, que o índice de idosos vem aumentando a cada ano assim como a expectativa de vida dos brasileiros que já passa dos 71 anos. Embora seja verdade que muitos estejam chegando a essa idade com a saúde debilitada e sem assistência médica adequada, boa parcela está dando a volta por cima trabalhando, continuando útil à sociedade e praticando atividade física, em especial a corrida.

Nas corridas rústicas esse fato é bem marcante na faixa etária acima dos 60 anos que recebe cada vez mais adeptos. E não é só isso. É a faixa etária que mais evolui os tempos na maioria das corridas mais importantes do país tais como a própria São Silvestre, diminuindo cerca de 3 minutos para homens e 8 minutos para as mulheres comparados entre 1998 e 2006. Pasmem…evoluem mais do que a própria elite!

Outro fato que comprova o crescimento de idosos nas corridas é que não se admite mais corridas com faixas etárias terminando aos 60 anos. Ela tem que ser subdivida em mais quatro que vão dos 60 a 64, 65 a 69, 70 a 79 e acima dos 80 como aconteceu na São silvestre 2008 onde 13 saudáveis senhores terminaram a prova sendo que o primeiro com o tempo de 1h32min08s.

Fala Sério! Eles podem ser chamados de velhos? Não são poucos nessas faixas etárias que já reclamam não conseguir mais subir no pódio em primeiro lugar como acontecia há poucos anos.

Entretanto, não se pode comemorar plenamente. Por conta desse crescimento de adeptos, as contusões e lesões também vêm aumentando, muito mais por falta de um treinamento adequado.

É obvio que com o passar dos anos vem experiência, mas também alterações biológicas. Desgastes nas articulações, queda considerável de força física e também uma diminuição de massa muscular, o que inclusive acelera com a corrida.

Num primeiro momento quando começa a correr, há um progresso muito rápido e o próprio entusiasmo é que pode levá-lo à regressão do treinamento e tempos obtidos inicialmente em determinadas corridas. Claro, não significa que o corredor mais velho não possa continuar correndo, aliás, deve, porém, fazendo musculação.

Acho incrível a energia da terceira idade. Estão sempre dispostos, sempre sorrindo, sempre motivados e motivando. Talvez esse seja o grande mistério da vida longa na corrida. Motivar, motivar-se, preencher-se de endorfina, serotonina.

Portanto, “sebo nas canelas” que a turma “sex”, “set”, e octogenária promete ser não o passado das corridas, mas o futuro. Fazendo uma alusão ao cinema, eles são os “Idosos Velozes e Furiosos”. Corram mais ou saiam da frente deles e quanto a nós, nos resta torcer para que quando crescermos, sejamos assim.

De qualquer forma, a ideia tanto para os idosos quanto para os jovens é sempre ter a corrida como bem estar, uma forma de se chegar mais longe e com mais saúde, independente dos resultados e da idade!

#correrbemparacorrersempre

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