Meia Internacional de Peruíbe: uma prova diferenciada

POR DEMÉTRIUS CARVALHO – A meia de montanha no asfalto. Essa é a promessa da organização para os atletas.

Sem dúvida, uma prova com visual convidativo. Hora na orla da praia, hora subindo a Serra do Guaraú, em Peruíbe, os corredores largaram 8h tendo os 2 primeiros quilômetros plano até chegar na Serra. Daí para frente, a meia de montanha se faz presente mas não com o chão de terra e sim asfalto. Não era uma subida constante. Chegava a ter algumas descidas em determinados trechos retomando as subidas em seguida, mas que obrigava grande parte dos competidores a dar caminhadas durante o percurso. A grande maioria dos aventureiros voltavam a correr quando podia. Em um dado momento acreditava-se ter chegado ao cume, mas a natureza apenas dava um fôlego para retomar a subida por mais um bom trecho e finalmente descer tudo, mas daí você chegava ao primeiro ponto de retorno da prova e tinha que fazer todo o trecho de volta. E sabe aquele “descer tudo”? Acabava de virar “subir tudo”.

Os 5 pontos de hidratação prometidos pela prova, tornavam-se 10 pois era possível pegar água na volta. Sem contar o da chegada mais as frutas e a bonita medalha, mas voltemos ao percurso que o perrengue não terminou ainda.

No quilômetro 12 você havia terminado a Serra do Guaraú e estava de volta ao plano. Em teoria, era só recobrar o fôlego e retomar o ritmo agora com altimetria confortável (no mapa de altimetria é possível ver que o terço final da prova era plano). Mas a prova pregava sua peça.

O tempo nublado e com neblina na Serra, se escondia um pouco da beleza da prova, ajudava os corredores. O sol, ainda que timidamente, começava a aparecer elevando um pouco a temperatura. Os atletas passavam então na rua do lado de onde houve a largada e podiam avistar o pórtico tendo a parte que mentalmente mais pegou os atletas.

Uma longa reta de 3,5 quilômetros parecia ser infindável para muitos atletas que viam os primeiros colocados já voltando. E isso com aquele solzinho já castigando. Enquanto no sobe e desce da serra, andava-se sem pudor, no plano, ninguém queria caminhar, mas as pernas já estavam bem castigadas do trecho inicial da prova e essa foi a batalha relatada por muitos até cruzar a chegada.

Um ponto a mais foi a classificação por faixa etária. Enquanto nas distâncias de 10k e 15k havia classificação geral até o quinto lugar, para a meia, incluía-se a classificação por faixa etária até o terceiro colocado e isso é com certeza um incentivo para a maioria dos atletas amadores. Entre os profissionais, a premiação em dinheiro atraiu quenianos que levaram os primeiros lugares masculino e feminino com Isaac Kimutai Kiplagat com 1:08:15 e Emily Chepkemoi Arusio com 1:25:24. Tempos impressionante pela altimetria da prova.

Em suma, tivemos uma prova duríssima do ponto de vista físico nos 2 primeiros terços da prova e 1 duríssimo do ponto de vista mental. Prova linda e muito bem organizada. Uma prova diferenciada. Sem “kits supermercado”, ou seja, para quem resolvesse encarar a meia maratona mais pesada do litoral. Prova para quem almeja maiores desafios. Ao término, a grande maioria dos atletas diziam querer voltar ano que vem para enfrentar novamente a Serra do Guaraú.

Eu com certeza estarei lá pois a prova entregou exatamente o que prometeu.

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