POR DRA. ANA PAULA SIMÕES – Hoje atendi uma oncologista que corre! Ela disse: muito importante essa campanha , conseguimos realmente atingir mais pessoas e detectar o câncer na sua forma mais precoce.
Fiquei tão feliz que resolvi pesquisar : como ortopedista e médica do esporte , como posso contribuir?
A DOENÇA E O ESPORTE
A corrida, mais do que um esporte, é uma forma de cuidar da saúde, prevenir doenças e até auxiliar na recuperação de condições sérias, como o câncer de mama. Pesquisas recentes vêm destacando o papel da atividade física, especialmente exercícios aeróbicos como a corrida, na prevenção e tratamento dessa doença, que afeta milhões de mulheres em todo o mundo.
Estudos indicam que a prática regular de corrida pode reduzir o risco de câncer de mama em até 25%, conforme apontado por McTiernan et al. (2019). Esse efeito preventivo está associado à regulação hormonal, especialmente no controle dos níveis de estrogênio. O excesso desse hormônio está diretamente relacionado ao aumento do risco de desenvolvimento de tumores mamários. Além disso, a corrida auxilia na manutenção de um peso corporal saudável, um fator essencial, já que a obesidade é um dos principais fatores de risco para o câncer de mama.
Mas os benefícios da corrida não se restringem à prevenção. Para mulheres que já enfrentaram o câncer de mama, a corrida pode ser uma poderosa aliada na fase de recuperação. Courneya e Friedenreich (2011) apontam que atividades aeróbicas, como a corrida em baixa intensidade, ajudam a reduzir a fadiga – um dos sintomas mais debilitantes pós-tratamento –, melhoram a função cardiovascular e fortalecem o sistema imunológico. Isso é especialmente importante para quem passou por tratamentos agressivos, como quimioterapia e radioterapia, que costumam enfraquecer o corpo.
Outro aspecto relevante da corrida é seu impacto positivo na saúde mental. O câncer de mama pode afetar não só o corpo, mas também o emocional. Correr libera endorfina, o que melhora o humor, combate sintomas de depressão e ajuda a criar uma rotina positiva de autocuidado. Para quem já superou o câncer, a corrida pode ser uma forma de reconectar-se com o corpo, redescobrir sua força e retomar o controle da própria saúde.
Assim, a corrida vai além da performance e da busca por metas pessoais. Ela se torna uma ferramenta de saúde e bem-estar, tanto na prevenção quanto na recuperação do câncer de mama. Para nós, corredores, isso significa que cada quilômetro percorrido é um investimento não apenas no nosso condicionamento físico, mas também na nossa longevidade e qualidade de vida.
Referências:
• Courneya, K. S., & Friedenreich, C. M. (2011). Physical activity and cancer control. Seminars in Oncology Nursing, 27(4), 233-241.
• McTiernan, A., Friedenreich, C. M., Katzmarzyk, P. T., et al. (2019). Physical activity in cancer prevention and survival: A systematic review. Medicine & Science in Sports & Exercise, 51(6), 1252-1261.