Para subir grandes montanhas com elevações extremas, a melhor estratégia para chegar ao cume com sucesso, e de garantia de vida, passa por respeitar cada ponto base e adaptação ao clima, já que quanto mais subimos há menos oferta de oxigênio para irrigar nossos alvéolos pulmonares. Ou seja, entre na natureza por vias montanhosas com o respeito que ela merece.
Sou atleta de corrida desde 1996, já passei pelas pistas de borracha, estradas de asfalto e terra, mas quando cheguei em 2008 às provas de trilhas que cortavam as montanhas, pude conhecer um mundo à parte e pronto a ser explorado.
De 2008 até 2011, pude conhecer inúmeras montanhas, trilhas dos mais diversos graus de dificuldade possíveis, já havia passado pelo calor do Deserto do Atacama e até pelas geladas montanhas de Vail, no Colorado (EUA).
Mas, como nossa modalidade sempre é capaz de nos apresentar um novo cenário a cada dia até mesmo na mesma montanha, em 2012 pude conhecer, ou melhor, apresentar aos meus sistemas orgânico e fisiológico um desafio que marcaria minha carreira: El Cruce – uma corrida em estágios com mais de 100 km.
Mesmo sendo tricampeão do Circuito Brasileiro de Montanha, mesmo sendo um explorador que sempre buscava um novo desafio, em 2012 eu estava diante de algo maior e muito além dos meus sonhos, do que eu havia planejado ou das trilhas que já havia passado.
Desde a chegada à hospitaleira San Martin de Los Andes, na Argentina, até o retorno à própria San Martin para a premiação, só posso dizer que sonhei acordado por mais de três dias. Os mais de 45 km do primeiro dia, somando-se aos 40 km do segundo dia e os 22 km para entregar a missão no terceiro dia, todos ao lado do meu companheiro, Iazaldir Feitoza, só posso dizer uma coisa: existe um José Virginio corredor de montanha antes e um José Virginio corredor de montanha depois do El Cruce.
A prova do El Cruce é uma mistura de coragem para encarar um novo desafio, a dor de superar cada dia e a dúvida de saber se aquela missão será entregue. Isso tudo passa por entender cada dia, entender que devemos nos renovar a cada trilha, saber que o fim pode ser agora ou do outro lado da montanha.
Sempre me identifiquei como um atleta de resistência, ao passar o El Cruce de 2012, tive a certeza de que sou mais forte do que ontem. Obrigado El Cruce por me proporcionar uma nova descoberta.
Atleta: José Virginio de Morais.
Site: www.elcrucecolumbia.com
Foi assim:
El Cruce 2012 – dupla com Iazaldir Feitoza – vice campeão
A rota do início ao fim: https://www.youtube.com/watch?v=F7AliXPnzls
Vídeo da prova: http://www.youtube.com/watch?v=yPNXpix1F40
*
El Cruce 2013 – dupla com Iazaldir Feitoza – vice campeão
Vídeo da Prova: http://www.youtube.com/watch?v=V4WjanXUvro
*
El Cruce 2014 – dupla com Giliard Pinheiro – terceiro lugar
Vídeo da Prova: www.youtube.com/watch?v=1PFqc8-30MA