O são-caetanense Pedro Luiz Cianfarani, 50 anos, morador de São Bernardo do Campo (SP), disputou, no final de julho, a ultramaratona Badwater, uma das provas mais difíceis do mundo, na Califórnia, nos Estados Unidos. O maratonista percorreu 217 quilômetros, sem parar, sob uma temperatura que atingiu os 56°C, em um ambiente totalmente inóspito. Pedro corre há mais de 20 anos e começou na corrida em provas de 5k e 10k, depois passando para os 42k.
Para se credenciar na Badwater, que ocorreu em altas temperaturas, ele teve que percorrer, no início de fevereiro, o Caminho da Fé, também de 217 quilômetros, realizada nas montanhas da Serra da Mantiqueira com chegada em Aparecida do Norte, obstáculo que o são-caetanense cumpriu em um tempo de 38 horas.
Apenas 100 pessoas em todo o planeta já correram a Badwater e Cianfarani foi um deles. Confira abaixo o depoimento dele:
“Consegui completar esta que foi a mais difícil de todas as edições anteriores devido ao calor extremo com incríveis 56 graus causando o maior numero de desistências da historia da prova. Minha estratégia seria aproveitar a noite na região quente da prova por estar a quase 90 m abaixo do nível do mar.
Mas chegando no 2º posto de controle reparei que tinha fugido da minha característica de cadenciar a prova em um ritmo mais confortável, com isso, tive que rever meu ritmo se quisesse terminar a prova. Neste momento estava com 42 milhas rodadas, então dei uma parada a fim de retomar o fôlego e pegar a primeira grande subida com aproximadamente 19 milhas (30 km) e confesso que, neste momento, após um ritmo muito forte, fiquei preocupado se teria forças para me recuperar em plena subida e foram umas 8 milhas bem preocupantes chegando a passar pela minha cabeça se eu conseguiria.
Eu treinei muito para estes momentos e na segunda metade desta subida interminável fui me recuperando e vencendo este primeiro obstáculo e pude encaixar um ritmo confortável e constante até chegar no ponto mais quente da prova com 56 graus na milha 70 aproximadamente. Nesta hora o vento queimava o rosto me forçando a correr com um lenço úmido na face, óculos e uma toalha úmida na cabeça debaixo do boné. Tive que os molhar em, no máximo, a cada 10 minutos.
Claro que tudo foi orquestrado pela minha equipe de apoio formada pela minha esposa Claudia e minhas amigas Ângela e Carle. Após uma breve parada na milha 72 para alimentação e cuidado dos pés – que realmente são muito exigidos devido ao calor – parti para a 2ª subida. Esta ocorreu com uma inclinação bem menor e eu já recuperado do ritmo inicial.
Ao cair da segunda noite, minha amiga Ângela, que estava me acompanhando desde a milha 42, onde era permitido a presença de pace, foi descansar no carro. Minha esposa Claudia então permaneceu ao meu lado nas 12 horas seguintes, ocasionando um momento muito prazeroso na corrida, pois eu estava indo bem na prova, estava recuperado e corria com minha companheira e amiga. Confesso que nem percebi passar estas 12 horas.
Então pedi para minha esposa descansar no carro onde estava minha amiga para fazer a última e pesada subida com maior grau de inclinação e suas intermináveis 13 milhas. Nesta hora não existe mais estratégia nem cansaço apenas a vontade de terminar e agradecer todos que ficaram aqui no Brasil torcendo por mim, todos os amigos de ultamaratona nas redes sociais, minha equipe dos Ultraloucos, familiares, meu irmão Beto, que estava apreensivo, e claro minha fantástica equipe de apoio comandada pela minha amada esposa, Claudia, e minhas amigas Ângela e Carle. Confesso que terminei esta prova por todos eles e de maneira alguma iria decepcioná-los. Obrigado a todos pela força e por me ajudarem na realização de um sonho e vocês já podem aguardar mais desafios” .